Por Leonard Sousa

No texto de hoje vamos abordar um conceito muito importante para alguns, porém, muito mal compreendido por outros… Pois bem, vamos direto ao ponto.

Vou iniciar com algumas indagações: se eu te perguntar o que é Acessibilidade, qual seria a sua resposta? O que te vem a memória?

 

Sinal de interrogação no meio de uma folha de papel.
Sinal de interrogação no meio de uma folha de papel.

Provavelmente uma cadeira de rodas ou uma bengala, certo? Sim, isso é bem comum.

Já em relação ao conceito… Acessibilidade se refere a garantir que toda e qualquer obra arquitetônica e os transportes públicos assegurem igualmente a todos o livre acesso, correto?

Sobre as respostas dadas para os questionamentos acima, eu diria que estão incompletas. Acessibilidade vai muito além de possibilitar que um cadeirante consiga fazer uso de elevadores e/ou rampas ou que um ambiente possua piso tátil para pessoas cegas se deslocarem nas dependências do prédio sozinhos.

Acessibilidade é algo muito mais abrangente. Segundo a lei 10.098/2000 (link para a lei) acessibilidade significa:

a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Antes de continuar queremos destacar três palavras usadas no conceito acima:

  1. Utilização
  2. Segurança e
  3. Autonomia.

E porquê? Porque tais palavras constituem a base para a compreensão adequada do tema em questão.

Ok, então segundo esse conceito mais abrangente… Como saber se algo está (ou é) acessível?

Agora que você já sabe o que é acessibilidade, qual pode ser o ponto de partida para saber se algo está (ou é) acessível? Lembrando que acessibilidade não beneficia apenas pessoas com deficiência e sim toda e qualquer pessoa.

Lembra das três palavrinhas que destacamos lá em cima? Elas são um bom ponto de partida: Utilização, segurança e autonomia.

Exemplo prático:

Estamos navegando em uma página web que vende diversos produtos. Uma pessoa cega ou surda (que não domina a língua portuguesa) consegue ter pleno acesso a todo o conteúdo da página?

Se o produto posto a venda nesta ou em outras páginas forem do interesse destas pessoas, estas conseguem ver a descrição e consequentemente comprar o item com autonomia e segurança? Isto é, sozinhos? Ou ambos vão precisar que algum amigo/familiar deem uma “ajudinha” para finalizar o processo?

Se as pessoas com deficiência conseguem executar todas as etapas do processo de compra com autonomia você realmente pode dizer que aquela página é acessível. Mas se a pessoa com deficiência visual e/ou auditiva necessita de algum apoio para concluir uma ou mais etapas da compra esta página não é acessível.

Simples assim.

Vamos dar um outro exemplo: Imagine que em uma roda de amigos um dos colegas tem um vídeo muito engraçado e quer mostrá-lo aos outros amigos. Então o colega em questão pega o celular e, claro, reproduz o vídeo! Ao final os outros começam a sorrir… Até aí tudo bem.

Agora imagine que nesta roda de amigos um dos colegas é cego. E enquanto todos sorriam intensamente…

Gif: Um homem boquiaberto pisca os olhos repetidamente.

Ele continua sério e sem compreender o motivo de tantas gargalhadas. Você já parou para pensar nisso?

Podemos afirmar com toda certeza que a pessoa cega não conseguirá assistir ao vídeo em questão com autonomia, ou seja, vai precisar que um dos amigos descreva a tal cena engraçada. Talvez depois disso ele sorria do resultado, entretanto, bem depois que as outras pessoas tiveram acesso ao conteúdo… Logo, este vídeo não é acessível.

Entendeu agora a amplitude deste conceito? A acessibilidade acontece quando todos podem fazer uso de um produto, serviço ou espaço urbano. Mas veja bem, eu disse TODOS não apenas para os ditos normais.

Essa questão suscita outras discussões e questionamentos para boa parte das pessoas:

“Ah, mas isso vai ter um custo muito alto…”

“Não temos condição de atender às suas necessidades…”

Sim, tornar conteúdos acessíveis tem um custo, assim como produzir qualquer outra coisa! Talvez você o enxergue como alto por não precisar dele. E esperamos que você não precise!

Lembre-se: acessibilidade tem a ver com desenho universal. Deve contemplar a todas as pessoas desde a sua concepção!


E aí, achou interessante? Ficou com alguma dúvida? Compartilha com a gente!

Nosso objetivo é fazer com que as pessoas que tenham acesso a este texto passem a pensar de uma forma diferente e também mais abrangente em relação a acessibilidade, mas principalmente que passem a disponibilizar mais produtos acessíveis.

Até o próximo texto!

 

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